O Atlantic CAM, cabo submarino que substituirá o anel CAM, reforçará as ligações entre o continente, os Açores e a Madeira. O projeto integra tecnologia SMART, permitindo a deteção de sismos e a monitorização oceânica e ambiental, e prevê novos pontos de amarração que reforçam a posição de Portugal como plataforma atlântica para tráfego digital e data centres.

COMEÇA OFICIALMENTE A EXECUÇÃO DO ATLANTIC CAM

A execução do Atlantic CAM, cabo submarino que substituirá o anel CAM que reforçará as ligações entre o continente, os Açores e a Madeira, começou de forma oficial com a assinatura do contrato em março de 2024 entre a Infraestruturas de Portugal (IP) e a empresa Alcatel Submarine Networks (ASN), líder mundial no setor. Atualmente, encontra-se em curso a fase de levantamentos marítimos e atividades preparatórias para o início da fabricação dos componentes do cabo O Governo, com a Resolução do Conselho de Ministros n.º 183/2025, de 26 de novembro, prolongou o investimento público no Atlantic CAM, ajustando o plano financeiro para um total de cerca de 190,4 M€ (sem IVA) e garantindo a continuidade do projeto.

Reprogramação e importância

A despesa plurianual do Atlantic CAM foi reprogramada para refletir o ritmo real de execução, mantendo o projeto como a infraestrutura estratégica de telecomunicações da década. O sistema assegura ligações críticas entre o continente e as regiões autónomas, substituindo cabos em fim de vida e reforça a coesão territorial.

Características técnicas essenciais

O Atlantic CAM terá cerca de 3 800 km de extensão, seis pares de fibra ótica e configuração em anel, garantindo redundância. A capacidade de transmissão projetada é de cerca de 150 Tbps, ou seja, será cinco vezes superior à do sistema atual.

Possibilidade de múltiplos usos (a tecnologia SMART)

O cabo integra tecnologia SMART (Sensor Monitoring and Reliable Telecommunications), ie, permite a instalação e gestão de sensores para deteção sísmica, monitorização oceânica e recolha de dados ambientais em tempo quase real. Esta solução permite que o mesmo cabo funcione como infraestrutura de telecomunicações e rede de observação submarina, em articulação com entidades científicas nacionais.

Gestão pública e modelo de exploração

A infraestrutura passa a ser gerida na esfera pública pela IP (através da IP Telecom) trazendo de novo o estado para a gestão de uma infraestrutura de comunicações. Espera-se que esta alteração venha a permitir a otimização da utilização deste recurso, bem como, decisões coordenadas sobre a sua operação, manutenção, redundância e, mais importante, condições razoáveis de acesso grossista.

Impacto em cabos, data centers e posição internacional

Além deste sistema, historicamente Portugal, sempre acolheu vários cabos intercontinentais. Atualmente, estão ligados ao País cabos de grande capacidade como o EllaLink (Portugal–Brasil), o Equiano (África–Europa), o 2Africa (anel em torno de África), o Medusa (Mediterrâneo–Europa) e o Nuvem (Portugal–Estados Unidos).

Novos pontos de amarração de grande capacidade tornam Portugal mais atrativo para projetos que exijam latências baixas, como os anunciados projetos de data centres de hyperscalers. Atlantic CAM reforçará o papel de Portugal como plataforma atlântica de tráfego digital entre América, África e Europa, acrescentando este ativo à já elevada cobertura doméstica fibra interna e dos múltiplos cabos intercontinentais já aterrados.

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