Num comunicado emitido em 21 de janeiro de 2025, o governo anunciou a conclusão das medidas de reorganização necessárias para levar a cabo a sua intenção de privatizar a TAP que foi nacionalizada pelo governo durante os tempos conturbados da Covid-19.
A TAP é uma das poucas pequenas companhias aéreas de bandeira na Europa que ainda mantem a sua independência. A TAP opera uma vasta rede internacional com ligações à África, América do Norte e América do Sul, principalmente para o Brasil. Em 2024, transportou 16.1 milhões de passageiros, um aumento de 1,6% em comparação com 2023. O maior crescimento percentual no número de passageiros transportados foi observado nas rotas da América do Norte, que atingiram um total de 1.59 milhões de passageiros, 8,9% a mais do que no ano anterior. A TAP foi recentemente considerada a companhia aérea mais segura da Europa, ocupando o 11.º lugar no ranking mundial.
Fundada há quase 80 anos, a TAP caiu sob o domínio do Estado na década de 1970. Em 2016, o governo vendeu uma participação de 50% dando o controlo operacional da empresa à Atlantic Gateway, uma joint venture entre a HPGB e a DNG Corporation.
Em 2020, no meio da pandemia de Covid-19, o Estado assumiu o controlo total da TAP, tendo injetado mais de €3 mil milhões na empresa. Até janeiro de 2025, a TAP concluiu as últimas medidas de reorganização delineadas no plano de reestruturação, que incluíam a aquisição da Portugália, UCS - Cuidados de Saúde Integrados e da Cateringpor. A aquisição da Cateringpor está dependente da aprovação do Tribunal de Contas.
Em 26 de janeiro de 2025, o Ministro das Infraestruturas reafirmou a intenção do governo de privatizar a TAP através de negociação direta com o objetivo de vender 100% do capital da empresa a um parceiro estratégico que garanta determinadas condições tidas como estratégicas, nomeadamente a continuidade do hub aeroportuário e da sede da empresa em Lisboa, bem como a preservação das rotas para a América do Norte e Brasil.
A Lufthansa, Air France-KLM e o Grupo IAG são vistas como as principais candidatas à compra da TAP, tendo sido noticiado já terem iniciado discussões preliminares com o governo. No entanto, a possibilidade de interesse por parte de outros potenciais investidores não deve ser descartada.
Tal como em privatizações anteriores, o processo de negociação exigirá do governo a compreensão da forma como os mercados funcionam bem como da melhor maneira de lidar com investidores internacionais capazes de usar todos os obstáculos e desejos de índole política para seu proveito próprio. Se o governo impuser condições inusitadas e restringir as suas opções a um pequeno leque de operadores estabelecidos arrisca-se a perder a sua margem de negociação e a vincular-se a condições económicas e jurídicas desfavoráveis ou mesmo a não resolver o problema da TAP de forma definitiva.
PRINCIPAIS INFORMAÇÕES
Capital social
100% detido pelo Estado Português (através da Direção-Geral do Tesouro e Finanças)
Filiais
A TAP detém as seguintes filiais:
- Portugália - Companhia Portuguesa de Transportes Aéreos S.A.
- UCS – Cuidados Integrados de Saúde, S.A.
- Cateringpor - Catering de Portugal S.A.
Informação de natureza financeira
- Lucro: €177.3 milhões
- Receitas: €4.200 milhões (+21%)
- EBITDA recorrente: €872 milhões
- EBIT recorrente: €386 milhões
- Taxa de ocupação (2024): 80.8% (+1.5%)
- Oferta de lugares medida em ASK (2024): +1.6%
- Receita por lugar medida em RPK (2024): +3.4%.
- Dívida Líquida: €2.452 milhões
- Classificações de crédito: BB- pela S&P, B1 pela Moody’s, e BBB pela Fitch.